Simplificando a vida

(ou me salvando do caos)


No dia 08 de março deste ano, uma Jornalista publicou no L'OSSERVATORE ROMANO, o Órgão Oficial do Vaticano, um artigo que dizia que a maior conquista da mulher, na era moderna, não foi a pílula anticoncepcional e nem o acesso ao mercado de trabalho e, sim, a máquina de lavar roupas.

Vocês já pararam para pensar que as nossas poucas conquistas vieram acompanhadas de mais ônus do que bônus? Pois adquirimos novos deveres, sem, contudo, nos livrarmos daqueles que tinham as nossas bisavós. E a nossa vida se transformou num verdadeiro caos, numa perpétua corrida contra o relógio.

Em qual Bíblia, em qual Constituição está escrito que lavar roupas é obrigação da mulher? E esta pergunta também vale para outros afazeres, como cozinhar, arrumar a casa, educar os filhos e etc.

Antigamente, o homem era o provedor da família, então era justo que coubesse à mulher a realização das tarefas domésticas. Mas, nos dias de hoje, quando trabalhamos tanto ou até mais do que eles, não posso entender como ainda existem mulheres que aceitam passivamente ser apenas de sua responsabilidade cuidar da casa e dos filhos e, ainda por cima, comemorarem, como vi várias fazerem no Fantástico, a invenção da máquina de lavar roupas. Poupem-me!

Pois eu lavo é a minha alma e declaro, em alto e bom tom, o meu direito inalienável de não fazer o que eles também não fazem e ponto, esse problema já resolvi na minha vida!

Mas tem dias que outros problemas se acumulam, você se vê impotente para resolvê-los e o coração fica aflito. Aí, o que fazer? Bem, eu acredito que quando se olha muito para o abismo, o abismo acaba olhando para você também, então, eu abstraio, mergulho em silêncios, crio uma escada, uma porta, uma via torta, fujo de mim mesma e me abrigo em meu mundo paralelo, onde meus olhos só veem o que acreditam e meus ouvidos só ouvem o que querem escutar, onde apenas lembranças e pensamentos bons me atravessam. E lá me deixo ficar, em “standby”, até que a alma se aquiete e eu possa voltar com uma nova vontade de viver a mulher que sou, 24 horas feminina, aquela que acredita que, para cada problema, existe uma hora e uma solução, e que sempre tem uma luz ao final de cada túnel, mesmo que esse fim de túnel seja difícil de alcançar no momento.

Minha vida não fica menos difícil assim, mas fica bem mais simples de ser vivida.



hoje minhas letras não se juntam, minhas palavras não se formam, meus versos não fazem sentido;

hoje não quero ouvir música, não quero ler poemas ou prosas e muito menos as notícias e seus problemas;

(nem quero contemplar a lua tão cheia de si a reinar entre estrelas).

hoje não quero falar, só quero ficar quieta e silenciosa no meu canto, recordar a felicidade nua de panos e os sons dos nossos corpos dialogando em surdina, entre suspiros, sussurros e gemidos, naquela última madrugada...

hoje só quero pensar em ti e mais nada!



layla lauar